26.7.06

Avós

Só muito recentemente me apercebi que existia o "dia dos avós". E talvez também só este ano os avós se deram conta do seu dia. Tiveram direito a um postal personalizado, diploma, e adoraram.
A minha mãe sempre teve paixão por crianças, atrai crianças, sem fazer grande esforço, eu sempre fui um pouco o contrário. Um dos seus maiores sonhos era ser Avó. O meu pai, acredito que também partilhasse esse desejo apesar de não o verbalizar da mesma forma. Quando já tinham perdido toda a esperança de que isso acontecesse, (sou filha única, perdi o meu irmão quando tinha 20 anos), dou-lhes a notícia que seriam avós de gémeos /gémeas.....
Relembro o brilho dos seus olhos, naquela final de tarde de um dia de Abril de 2003. Ficámos a conversar com sorrisos muito tranquilos sobre tudo o que isso implicaria.Desde o primeiro instante contei com o apoio incondicional destas duas pessoas fantásticas que tenho a sorte de ter por pais.
A gravidez foi decorrendo e passei a habituar-me ao tel. Diário da minha mãe para saber como estava. Na recta final fui obrigada ao repouso absoluto e a minha mãe veio morar comigo, não me deixava fazer nada toda a preparação do enxoval foi cuidada por ela. Acompanhou-me às consultas, e estava comigo quando me internaram. Passou a visitar-me diariamente, aprendeu a deslocar-se sozinha em Lisboa, ela que tinha pavor da cidade.
Nasceram as netas e ela ficou a viver connosco até aos 11 meses. Deixou o meu pai a 200 km com o acordo dele e foi gerindo a vida dela com umas deslocações rápidas enquanto as meninas não podiam sair de casa, depois passámos a estar umas semanas por lá de vez em quando para facilitar a vida a todos.Com ela presente eu não precisava de cuidar da casa, da roupa nem da comida, ela cuidava de tudo a ajudava-me sempre a dar biberon. Quando o meu pai estava, era ele que se levantava durante a noite de 3 em 3 horas para ajudar a dar o biberon ás netas (nunca tinha imaginado o meu pai a fazer isto). Sem a mínima dúvida que a relação forte que eles tem um pelo outro aliado ao trabalho de equipa me facilitou muito a vida.
Passou o tempo da licença de maternidade, fui trabalhar e estava tranquila porque sabia que as minhas filhas estavam a ser super bem cuidadas pela minha mãe. Foi ela que assistiu a muitas das primeiras gracinhas delas (e ainda bem que assim foi). Passaram 11 meses e finalmente tinha chegado o momento de irem para a escolinha e do regresso da minha mãe à sua casa. Lembro esse dia com um aperto no coração, sabia o quanto lhe custava separar-se das netas, mas ambas tinhamos que ser "fortes".... Mas o abraço final cheio de lágrimas nunca vou esquecer.
As netas passaram a ser o centro do universo deles, apesar de longe, tem, uma relação muito forte. Todos os dias as minhas filhas falam da avó, falam com ela ao telefone, perguntam sempre quando os vamos visitar. Quando estão com os avós a mãe torna-se dispensável, e eu aproveito para descansar um pouco. A minha mãe, uma pessoa muito organizada e arrumada, com as netas outros valores se levantaram. A casa deles foi se adaptando a elas, fizeram obras no sótão para elas terem um espaço só de brincadeira, onde vão parar todos os brinquedos que são dispensados cá de casa. A árvore do jardim ganhou dois baloiços, a sala foi aumentada, as escadas foram modificadas e ganharam grades, o terraço também ganhou grades. Tudo a pensar nas netas. O avô, sempre trabalhador quando chegam as netas decreta "feriado", independentemente do número de dias que fiquem. A paciência para as passear quando ensaiavam os primeiros passos era ilimitada, inventou canções e brincadeiras, leva-as a ver os animais vezes sem conta, mostra-lhes as plantas, as hortas e até as colmeias. Reinventou um carrinho de mão que dá para passear as duas ao mesmo tempo. A minha mãe faz-lhes vestidos lindos, bordou fraldas, vestidos e calças adaptou roupa, fez-lhes uns vestidos lindíssimos para o baptizado. Quando está com as netas é como se o mundo parasse e tudo gira à volta delas. Tem uma paciência ilimitada para as traquinices delas, reinventa mil e uma brincadeiras, e deixa-as participar nas tarefas da casa e do campo. Tem um carinho infinito para elas, só não as quer ver chorar, no entanto sabe dizer não quando é necessário. Ainda hoje, quando estão doentes ela deixa tudo e vem ajudar..... E eu sei que posso contar com eles de forma incondicional.
Não imagino melhores avós para as minhas filhas.....
Eu também tive a sorte de ter convivido com avós e bisavós maravilhosos que me ensinaram imenso.... Infinitamente OBRIGADA avós!

6 comentários:

Alda Benamor disse...

Não estou grávida (não, não estou!) mas mais parece que estou com as hormonas aos saltos - acabei de ler o teu post com uma lágrima a escorrer. Eu também tenho uma mãe e um pai maravilhosos!

Espero um dia conseguir ser assim para os meus filhos e para os meus netos!

dacj_a disse...

Adorei!!! e como a Alda fiquei bastante comovida....Os avós das minhas filhotas tb estão sempre presentes( apesar de os maternos estarem longe) e elas adoram-os.

CGM disse...

Que bonito, os sentimentos e as palavras!

Carla

Pedro Gomes Sanches disse...

:-) lindo, nat! lindo!

Unknown disse...

Os Avós são seres diferentes
Neste mundo de egoismo
Seus gestos são os mais quentes
Têm outro humanismo.

Cada neto é estrelinha
Iluminando a velhice
Cada avô uma abelhinha
Cheio de mel e meiguice.

Os avós são mesmo assim
Corações plenos d'afectos
Sempre dizendo que sim
Tudo perdoam aos netos.

E quem ainda os tiver
Dê mil graças ao Senhor
Pois são fontes de saber
De alegria e amor.
(Anelco)

Unknown disse...

26 Julho - Dia Nacional dos Avós.
(Anelco)Pseudónimo-ANA ELISA COUTO natural de Penafiel e mentora do dia dedicado aos avós de Portugal.
Durante 17 anos lutou pela criação desse dia. Em Maio de 2003 (lembra-se da tarde do mês Abril?)viu a sua longa labuta oficializada pela Assembleia Republica Portuguesa. Tentou, através do Dr.Freitas do Aamaral, junto das Nações Unidas que este dia se fosse mundial. Junto de comunidades lusas no estrangeiro sempre motivou a que se realizassem festividades. No nosso país em muitas localidades, mesmo antes de 2003, já se festejava o Dia dos Avós. Minha Mãe visitou muitas vezes as rádios e televisões onde o tema era sempre o mesmo. Assim se foi criando a bola que originaria a sua plena satisfação, antes de nos deixar. Oediu-me que nunca deixasse esmorecer este lindo dia.Por tal me encontro a desenvolver trabalho em muitos sites e através deles solicitar a quem os possui que motivem o facto aos seus leitores, no sentido de que no próximo dia 26 Julho, sejam
atentos com todos os nossos e demais avós do nosso país. Talvez mais do que nunca, precisem de um simples carinho de conforto e amor.
Bem hajam